Um estudo americano investigou a questão de quais os sintomas físicos que anunciam a morte iminente em pacientes com cancro gravemente doentes. Os autores examinaram mais de 50 sinais clínicos e encontraram uma elevada relevância diagnóstica em oito deles.
Os resultados preliminares do estudo de coorte prospectivo dos EUA estão disponíveis como uma publicação em linha na revista Cancer. Incluíam-se 357 pacientes com cancro avançado que se encontravam em unidades de cuidados paliativos de dois centros especializados nos EUA e no Brasil. A idade média dos pacientes era pouco menos de 60 anos.
Na mesma população do estudo, os autores já tinham descoberto em 2014 que existem cinco sinais físicos altamente específicos associados à morte ocorrida no prazo de três dias (Tab. 1) [1]. Com estes sintomas, o diagnóstico de morte iminente pode ser feito mais correctamente, o que é de grande importância tanto para o paciente como para os familiares, de acordo com a equipa em torno de David Hui, MD, Houston. As terapias agressivas que afectam negativamente as últimas horas podem ser omitidas – é oferecida aos familiares e pacientes a oportunidade de se despedirem e escolherem eles próprios o local da morte (por exemplo, a casa da alta).
O presente estudo voltou a expandir significativamente o espectro de diagnóstico: testou a frequência e o início de 52 outros sinais clínicos que, de acordo com a literatura, podem prever a morte iminente.
Oito sinais físicos ajudam a avaliar o prognóstico
Desde o início da entrada na unidade de cuidados paliativos até à morte ou descarga, os 52 sinais físicos foram sistematicamente recolhidos de doze em doze horas. A partir disto, foi calculado o rácio de probabilidade de morte (LR) no prazo de três dias, bem como a frequência e o tempo médio de ocorrência.
Para além dos cinco já conhecidos, outros oito sinais são altamente diagnósticos de morte iminente. Ocorreram nos últimos dias de vida em 5-78% dos 203 pacientes que morreram. O risco de mortalidade foi aumentado mais de cinco vezes em relação aos pacientes sem estes sintomas (a partir daí, um sinal foi considerado prognosticalmente relevante). Na importância diagnóstica ascendente foram estes sintomas:
- Diminuição da resposta aos estímulos visuais (LR 6,7 positivo; IC 95% 6,3-7,1 positivo).
- Hiperextensão do pescoço (LR 7,3 positivo; IC 95% 6,7-8)
- Diminuição da resposta aos estímulos verbais (LR 8,3 positivo; IC 95% 7,7-9)
- A flacidez da prega nasolabial (LR 8,3 positivo; IC 95% 7,7-8,9 positivo)
- Hemorragia gastrointestinal superior (LR 10,3 positivo; IC 95% 9,5-11,1)
- Sons de grunhidos na exalação (LR 11,8; IC 95% 10,3-13,4 positivo).
- Incapacidade de fechar as pálpebras (LR 13,6 positivo; IC 95% 11,7-15,5)
- Alunos não reactivos (LR 16,7; IC 95% positivo 14,9-18,6).
Dos 62 sinais clínicos testados, a equipa de estudo da Hui conseguiu até agora definir 13 que irão ajudar os médicos a prever a morte iminente no futuro.
Fonte: Hui D, et al: Bedside clinical signs associated with imending death in patients with advanced cancer: Preliminary findings of a prospective, longitudinal cohort study. Cancro 2015. doi: 10.1002/cncr.29048.
Literatura:
- Hui D, et al: Sinais clínicos de morte iminente em doentes com cancro. Oncologista 2014 Jun; 19(6): 681-687.
InFo ONCOLOGy & HEMATOLOGy 2015; 3(5): 6