No Lancet, autores americanos publicaram os resultados de um estudo no qual foram examinados mais de 10.000 pacientes masculinos, antigos veteranos, com um diagnóstico de dislipidemia. Estes sujeitos, com uma idade média de 58 anos, puderam ser observados durante um período de dez anos. Foi efectuado um teste de desempenho a todos eles no início, por várias razões.
No entanto, com uma taxa média de mortalidade de 22 por 1000 por ano na coorte, foram encontradas diferenças e semelhanças interessantes por desempenho, tanto no grupo statin como no grupo não-estatinado.
No grupo não tratado com medicamentos (n=5032) com boa forma física (MET >9 no teste de desempenho), a mortalidade foi 68% mais baixa do que entre os que estavam menos aptos (MET<5). No grupo não tratado com estatinas (n=5011), a mortalidade entre os que estavam mais aptos foi 63% mais baixa do que entre os que estavam menos aptos. Os autores também encontraram uma interacção positiva entre actividade física e estatinas (p=0,007). Concluem o seu estudo observando que o exercício regular é mais eficaz do que a continuação do tratamento naqueles pacientes que toleram mal o medicamento.
Comentário: “Se a actividade física pudesse ser embalada num comprimido, seria o medicamento mais prescrito no mundo” – lendo este artigo, lembro-me desta reivindicação mais antiga de um autor que também é americano, bem como das diversas provas da ampla eficácia do exercício numa grande variedade de partes do corpo e funções e perturbações. Mas também penso com grande espanto no facto de a prescrição (profissional) de “desporto” ainda ser feita por madrasta na prática médica. Apesar da eficiência e acessibilidade comprovada!
Nesta situação, vale também a pena mencionar que as estatinas provocam frequentemente desconforto muscular e, portanto, causam uma incapacidade de se mover para além da dor. No entanto, os efeitos secundários do desporto quase igualmente eficaz são praticamente insignificantes!
- Kokkinos PF, et al: Interactive effects of fitness and statin treatment on mortality risk in veterans with dyslipidaemia: um estudo de coorte. Lancet 2013; 381: 394-399.