O risco acrescido de infecção após intervenções cirúrgicas torna necessário que os doentes com doenças reumáticas ajustem temporariamente a sua terapia anti-inflamatória básica. Contudo, as quebras de medicamentos podem ser encurtadas devido a novos resultados de estudos, em que se aplicam regras diferentes para as substâncias activas individuais. A Sociedade Alemã de Reumatologia (DGRh) actualizou portanto as suas recomendações para incluir substâncias activas recentemente aprovadas.
Os doentes com doenças reumáticas inflamatórias têm um risco acrescido de complicações pós-operatórias, especialmente infecções após a substituição das articulações. Ao mesmo tempo, o risco de um surto de doença aumenta após cada intervenção cirúrgica. “As pausas terapêuticas devem portanto ser tão curtas quanto possível, mas tão longas quanto necessário”, diz o Professor Dr. Klaus Krüger, chefe do Centro de Prática de Reumatologia de São Bonifácio, em Munique. “Deve ser tido em conta que cada paciente tem um perfil de risco individual e cada medicamento anti-reumático modificador da doença ou DMARD deve ser considerado individualmente devido às suas propriedades farmacológicas”, acrescenta o porta-voz da Comissão de Farmacoterapia da DGRh.
A DGRh já tinha tido isto em conta em 2014 através de recomendações baseadas em provas. Entretanto, foram aprovados novos DMARDs, que expandiram as opções de tratamento. Estes incluem inibidores JAK e o apremilast inibidor PDE4, bem como alguns bloqueadores de interleucinas, que estão incluídos nas novas recomendações. Foram também acrescentados novos resultados de estudos, que melhoraram a avaliação dos riscos. “O risco de infecção diminuiu significativamente nas últimas duas décadas”, relata o Professor Krüger. Após a artroplastia da anca, as complicações são apenas metade das frequentes como nos anos 90. Isto também poderia ser uma consequência de tratamentos reumáticos melhorados, diz o perito, uma vez que a actividade da doença contribui significativamente para o risco de infecção. Por conseguinte, é de importância crucial optimizar a medicação no período que antecede uma operação planeada.
Em pacientes dependentes de glicocorticóides, a dose deve ser reduzida tanto quanto possível, aconselha a Dra. med. Katinka Albrecht, membro da Comissão de Farmacoterapia da DGRh. “Consideramos como limite uma dose de 10 mg de equivalente de prednisona por dia. Quanto mais baixa a dose, melhor”. De acordo com o líder do grupo de acção do Centro Alemão de Investigação do Reumatismo de Berlim (DRFZ), novos estudos maiores confirmaram que a dose de esteróides é o factor decisivo para o risco de infecção.
As recomendações para os DMARD individuais são baseadas na meia-vida das substâncias activas ou, mais praticamente, nos intervalos de dosagem. “Com base nos resultados do novo estudo, aconselhamos uma interrupção de um intervalo de dosagem em vez dos dois anteriores, em conformidade com as recomendações americanas”, diz o Dr. Albrecht. Deve notar-se, contudo, que com alguns DMARD os efeitos imunológicos persistem para além da queda nos níveis de drogas. Isto aplica-se, por exemplo, ao rituximab, mas também aos novos inibidores JAK.
As recomendações detalhadas não devem, portanto, ser entendidas como um “livro de prescrição”, sublinha o Presidente da DGRh, Prof. Dr. Andreas Krause, Médico Chefe do Hospital Immanuel de Berlim: “É sempre importante manter o paciente individual em mente e coordenar o procedimento de forma interdisciplinar com todos aqueles que o tratam – com reumatologistas internos e ortopédicos, cirurgiões e médicos de clínica geral – a fim de alcançar um bom resultado para cada paciente”.
Publicação original:
Albrecht, K., Poddubnyy, D., Leipe, J. et al. Gestão perioperatória da terapia para doentes com doenças reumáticas inflamatórias. Z Rheumatol (2021). https://doi.org/10.1007/s00393-021-01140-x