O desenvolvimento do cancro de pele é multifactorial. É considerado indiscutível que os danos crónicos da luz na pele por radiação ultravioleta são o factor mais importante na etiologia do carcinoma espinocelular.
A exposição UV danifica o ADN dos queratinócitos epidérmicos através de efeitos directos e indirectos. Em caso de exposição excessiva e na velhice, os mecanismos de reparação podem ser sobrecarregados, em resultado dos quais podem surgir mutações cancerígenas. Cerca de 90 por cento de todos os carcinomas de células escamosas ocorrem em áreas expostas ao sol, tais como o capilício sem pêlos, a testa, a ponte do nariz, as orelhas, os antebraços e as costas das mãos [1]. Na Alemanha, o carcinoma de células escamosas é classificado como uma doença profissional devido à exposição ocupacional aos raios UV em trabalhadores com uma elevada proporção de actividades ao ar livre, tais como trabalhadores da construção civil, trabalhadores da agricultura ou horticultura [2]. Uma análise secundária revelou que a razão de probabilidade agregada (OR) para a associação entre o trabalho no exterior e o risco de desenvolvimento de carcinoma espinocelular foi de 1,77 (95% CI: 1,40-2,22) [3,4]. E a modelização da relação dose-resposta mostrou um claro aumento do risco de doença para carcinomas escamosos de células em exposições UV acima do percentil 40 – neste intervalo a curva modelo mostrou um comportamento exponencial [5].
Literatura:
- Trautinger F, Beichl-Zwiauer V: carcinoma de células escamosas da pele. Estudo de Literatura da DFP. Jornal médico austríaco 2021; 13/14, 15.07.2021
- Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais: Justificação científica para a doença profissional “carcinomas de células escamosas ou ceratoses actínicas múltiplas da pele causadas pela radiação UV natural”. Diário Oficial Conjunto, 12.08.2013, p 671-693.
- Schmitt J, et al: A exposição ocupacional à luz ultravioleta aumenta o risco de desenvolvimento de carcinoma espinocelular cutâneo: uma revisão sistemática e uma meta-análise. Br J Dermatol 2011; 164(2): 291-307.
- Strehl C, Wittlich M: Cancro da pele causado pela radiação UV natural. Zbl Arbeitsmed 2021; 71: 262-269.
- Schmitt J, et al: A exposição ultravioleta adquirida no trabalho é o factor de risco mais importante para o carcinoma espinocelular cutâneo? Resultados do estudo de controlo de casos baseado na população FB-181. Br J Dermatol 2018; 178(2): 462-472.
PRÁTICA DA DERMATOLOGIA 2022; 32(3): 32