O enorme progresso feito no campo da genética humana nos últimos anos já levou à identificação da causa de mais de quatro mil doenças genéticas (congénitas). Hoje em dia, cada vez mais pessoas podem ser diagnosticadas, confirmadas ou excluídas através de testes genéticos da sua composição genética (testes genéticos, não confundir com testes genéticos na Internet).
Os testes genéticos podem ser feitos antes ou depois da análise dos cromossomas (citogenética) e/ou dos genes (genética molecular). É utilizado principalmente em situações em que os exames clínicos habituais não permitem uma declaração conclusiva. Isto é particularmente importante nas fases iniciais de uma doença e nas crianças e adolescentes.
Encurtar o caminho do sofrimento
A caracterização genética precoce e clara da doença não só influencia positivamente o prognóstico e a gestão da doença, mas também encurta em massa o sofrimento diagnóstico, muitas vezes de longa duração, das pessoas afectadas. Mesmo quando um diagnóstico clínico é aparentemente certo, os testes genéticos podem ser essenciais. Por exemplo, em doenças cuja mutação causal pode estar presente em diferentes genes. Esta situação aplica-se, por exemplo, à doença rara do tecido conjuntivo Síndrome de Marfan (MFS), uma vez que são possíveis mutações em vários genes quando se suspeita clinicamente de MFS.
Uma doença é considerada rara se não afectar mais do que uma em 2000 pessoas. Existem mais de 5000 doenças raras. Um total de cerca de meio milhão de suíços sofre deles, tantos como da diabetes. Uma vez que 80% das doenças raras são genéticas, os testes genéticos são importantes neste contexto.
Terapia, prevenção e planeamento familiar
Embora a maioria das doenças genéticas não sejam hoje em dia curáveis, o conhecimento do defeito genético subjacente é a base da gestão de doenças específicas. As estratégias terapêuticas podem ser baseadas na respectiva mutação: A investigação está sempre à procura de novos medicamentos feitos à medida que tenham em conta as características genéticas individuais dos pacientes e assim moldar a medicina personalizada.
Além disso, os testes genéticos pré-sintomáticos antes da manifestação da doença permitem uma prevenção orientada, e se a mutação familiar for conhecida, os testes genéticos são também de particular importância no planeamento familiar.
Quais são as opções?
O método mais importante de análise genética direccionada é a sequenciação do ADN, que determina as bases nucleotídicas do material genético e pode assim detectar com precisão as mutações genéticas. Já é uma realidade que as investigações genéticas são realizadas através de sequenciação de alto rendimento (“sequenciação da próxima geração”, NGS), em que ou uma combinação seleccionada de genes (o chamado painel), o genoma inteiro (“genoma inteiro”, 3 mil milhões de bases) ou a sua região de codificação (“exoma inteiro”, ~20.000 genes) são sequenciados num tempo relativamente curto e a um custo mais baixo em comparação com a sequenciação clássica.
No entanto, tanto a qualidade, armazenamento e avaliação bioinformática como a interpretação dos enormes dados gerados pela NGS ainda representam um desafio importante e dispendioso, mesmo que a actual lista de análise com a nova posição para a NGS possa dar uma impressão diferente.
A perícia é central
Especialmente a interpretação dos dados NGS com certeza diagnóstica requer muita perícia e pode ser extremamente demorada. Portanto, esta avaliação pertence às mãos de especialistas em genética médica FAMH/FMH. Além disso, um NGS com mais de dez genes só pode ser prescrito por médicos com uma qualificação federal de pós-graduação em “genética médica”. Da mesma forma, o aconselhamento genético exigido por lei antes e depois dos testes genéticos deve ser prestado por geneticistas médicos.
PRÁTICA DO GP 2015; 10(3): 4